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Abrigo

  • Foto do escritor: Filipa Barbosa
    Filipa Barbosa
  • 13 de jul.
  • 2 min de leitura

Sempre quis ser abrigo e nunca me abriguei.


Escrevi uma publicação para a minha página do Instagram e senti necessidade de vir aqui, de continuar esta conversa longe dos holofotes.


Sempre me habituei a cuidar dos outros, a ser abrigo, a ser abraço, lembro-me que no meu tempo de escola, era a confidente , a que estava sempre lá, para quem precisava de falar e era também a que tinha sempre pouco para dizer.

Chegava a casa e corria para o meu caderno, punha a minha cassete no leitor de cassetes, chorava e escrevia, às vezes por estar demasiado triste e só ali conseguir exorcizar essa dor, outras vezes por sentir-me demasiado feliz e querer eternizar aquele momento.


Sempre preferi os extremos, sempre senti muito ,era essa veracidade da dor ou da felicidade que me trazia a escrita, que me enviava para um mundo tão só, mas tão unicamente meu.


A escrita sempre me protegeu, como se fosse uma capsula, quando eu entrava ali, tudo o resto desvanecia e dores eram curadas, sorrisos eternizados e eu era simplesmente, eu .


Sempre quis sê-lo, mas não ousava .


Sempre fui a dramática, a louca, a submissa e a silenciosa, aquela que se esconde lá atrás nas fotos, na sala de aula, na vida .


O meu lugar nunca foi de destaque.


Se eu voltasse lá atrás e dissesse a essa mesma menina que publicaria 3 livros , que teria um blog e que iria frequentar um ginásio , provavelmente ela choraria a rir e não iria acreditar.


Então hoje vim aqui, não para me afirmar, não para me destacar , apenas para deixar aqui escrito, nesta capsula tão minha e tão aberta ao mundo, que nunca soube o caminho, que nem sempre acreditei que seria feliz, mas sempre soube que a vida era mais, que tinha de existir mais, que o nosso propósito aqui não podia ser apenas aquele que me era apresentado.


Que eu não podia ser só um rabisco de alguém ou daquilo que me aconteceu, que o barro com que me moldavam não era a obra final, era só aquilo que eu permitia que me fizessem.


O caminho tem sido mesmo duro, mesmo sentido no expoente da dor e da felicidade .


Continuo a preferir o pico da coisa, o auge da dor ou da alegria . Continuo a ser amor, a acreditar no outro e na sua bondade .


E hoje acredito que caminho cada vez mais para a minha felicidade.


Era só isto.


Só este desabafo que senti que devia estar aqui, talvez algures nas minhas palavras encontres um pouco de ti.


Com amor


Filipa


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