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Do silêncio à luz: uma carta de cura

  • Foto do escritor: Filipa Barbosa
    Filipa Barbosa
  • 7 de ago.
  • 2 min de leitura

Olá, meu amor. Hoje escrevo-te com o coração aberto, como quem regressa a casa depois de muito tempo. Tu, pequenina, foste sempre o início de tudo. E eu, que tantas vezes te deixei esquecida num canto da memória, venho agora buscar-te com as mãos cheias de ternura.

Lembro-me de ti: dos olhos curiosos, do silêncio que gritava, da vontade de entender o mundo com palavras que ainda não sabias dizer. Tu sentias tudo com uma intensidade que assustava os adultos e te deixava sozinha com emoções maiores do que tu. Mas nunca deixaste de sonhar. Mesmo quando o chão tremia, tu desenhavas futuros com lápis partidos e folhas rasgadas. Tu escrevias histórias de encantar, sentimentos teus e dos outros. E isso, minha querida, foi a tua forma de resistir.

Hoje, quero dizer-te que estou aqui. Que te vejo. Que te ouço. Que tudo o que sentiste era real, válido, sagrado. Não eras frágil, eras feita de luz crua, daquelas que iluminam sem pedir licença.

Perdoa-me por ter tentado crescer depressa demais. Por ter escondido partes de ti que achava que o mundo não ia entender. Mas agora sei: tu és a minha raiz. E sem ti, não há flor que floresça inteira.

Prometo-te colo. Prometo-te tempo. Prometo-te espaço para brincar, para chorar, para dançar com os pés descalços na terra molhada, para mergulhar na foz ou na fonte da telha. Prometo-te que nunca mais te abandono.

Hoje, escrevo-te para te resgatar. Para te devolver ao lugar que sempre foi teu: dentro de mim, viva, inteira, amada. E juntas, vamos continuar a escrever esta história, com palavras que curam, com silêncios que abraçam, com verdade que liberta.

Obrigada por nunca desistires de mim. Hoje sou quem sou porque tu exististe. E agora, juntas, somos tudo o que sempre sonhámos ser.

Com amor eterno,


Eu


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