INÓCUO
- Filipa Barbosa
- 1 de jun.
- 2 min de leitura

Quando arde cá dentro mas não há mata para arder lá fora.
Quando olho nos teus olhos sinto uma espécie de ebulição, um formigueiro interno que percorre o meu corpo, quando te toco desaparece o mundo todo.
É tão rápido e fugaz que quando desaparece eu ainda nem recuperei o fôlego.
Tento entender os sinais, nem sei se os há, ou se isto, é só fogo posto do meu coração.
Censuro a minha cabeça por estar a criar ilusões sem qualquer tipo de base, lógica ou raciocínio.
Às vezes, sinto que poderíamos ser uma história, mas depois desapareces, e sei que é apenas um monólogo, o primeiro ato de uma cena solitária, numa sala vazia de um teatro em Lisboa.
Crio rimas, contos, prozas, crio vários filmes, enredos só com duas personagens, não temos público, apenas um sentimento, uma conexão. Algo que não consigo decifrar se existe realmente ou não.
Eu não quero nada, mas quero tudo.
Volto à realidade e rasgo todos os poemas, que te escrevi, sei que nada disto faz sentido, amaldiçoo-o o meu coração. Inspiras a minha boca, as minhas mãos, eu juro que o teu sorriso entra no meu corpo e sinto a tua vibração.
Há palavras tuas que ecoam durante semanas no meu pensamento, depois desapareces, o eco enfraquece e apenas pequenas partículas se dissipam no ar que respiro.
Chamo por ti baixinho, não quero que ninguém me oiça, nem tu.
Há faísca, mas o fogo não reacende.
Oiço músicas que canto para ti, escrevo-te estas letras e rasgo-as no instante a seguir.
Tínhamos tudo para ser muito.
E nunca seremos nada.



Amo ler te sente se com a alma as tuas palavras ❤️