Silêncio

Há silêncios que gritam.

Outros que curam.

Aprendi a escutar os meus quando a vida se calou por dentro.

Quando o barulho de fora já não fazia sentido, e tudo o que restava era um eco dentro de mim.

Precisei de me conectar comigo mesma, de ouvir e respeitar o meu silêncio, de ter consciência que ele fazia parte de mim e muito mais que assustador, era revelador .

Entendi que não preciso de ter todas as respostas e nem sempre vou conhecer as verdadeiras perguntas, sobre o que me trouxe até aqui. E na verdade muito mais importante que saber o que me trouxe até aqui é saber o que sinto com o que me trouxe até aqui.

Foi aí que comecei a escrever outra vez.

Não para publicar. Não para mostrar. Só para não esquecer.

Há coisas que só o silêncio me contou:

Que a ausência também é presença.

Que há abraços que não se dão, mas ficam.

Que nem sempre as palavras são urgentes, às vezes só precisam de tempo.

Este texto não é um poema.

Ele é feito de coisas que não cabiam em voz alta.

Está a nascer um livro, mas não o quero anunciar ainda.

Quero só deixar-te entrar nas entrelinhas.

Antes que me esqueça.

Com amor

Filipa