
É preciso deixar morrer
- Filipa Barbosa
- 16 de out.
- 2 min de leitura
Sinto que uma parte de mim morreu hoje
Não sei dizer o motivo, explicar a razão.
Não estou triste .
Não me falta nada .
Sinto que algo se foi para ganhar espaço para algo entrar.
Consigo sentir o meu peito a abrir , a crescer.
Uma sensação estranha , como que o começo de algo que ainda não vivi, uma entrega de luz quando nem eu sabia que precisava.
Um caminhar passo ante passo , uma passada confiante , pesada , de orgulho de tranquilidade, de amor.
Incrível como aceitar que não podemos ter tudo, ser tudo , estar em todo lado , a toda a hora, nos liberta de uma responsabilidade enorme que nós mesmas nos incutimos.
Querer ser perfeita é o que nos afasta da perfeição ?
Com a idade começamos realmente a entender que menos é mais e que aquilo que imaginamos que as pessoas possam pensar , elas nem sequer chegam a pensar nada disso. E que o julgamento parte sempre daquilo que vive em nós ?
Este ano tem trazido até mim muita coisa, comecei a acreditar em coisas que não acreditava, a escutar coisas que nem ouvia, a sentar-me comigo e a conversarmos juntas, a ser cada vez mais eu , imperfeita, indecisa, genuína.
Não sei o que morreu no dia em que comecei a escrever este texto, nas notas do meu telemóvel, enquanto circulava no centro comercial onde trabalho, sei que os meus passos eram pesados , as minhas costas estavam direitas e o meu peito aberto com uma energia diferente.
Há dias comuns que nos transformam a vida.
16 de outubro foi um desses.
O que me leva até ao pensamento, que é preciso deixar morrer , libertar espaço , encher o peito e acreditar que o luto do que fomos pode ser o nascimento da nossa melhor versão , aquela que sabe, que somos suficientes 💫
Sejam sempre amor, poesia, palavras soltas , silêncios bonitos.
Sejam vocês , sem medo de o ser 🤍💫
Com amor
Filipa
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